quarta-feira, 30 de março de 2011

Sociedade moderna= imperativo do gozo.
Essa sociedade (sobretudo a ocidental) que te joga nas costas o peso, a obrigação da felicidade a todo custo o tempo todo. A satisfação e a felicidade vêm com os objetos e para tê-los é necessário o trabalho, que é alienado.
Nessa arena a qual milhões estão inseridos não cabe a infelicidade, a tristeza, a falha, o mal, tem que ser bem sucedido em tudo, senão que bosta de humano você é.
Além de tudo essa era que começa está inanimada. Relações imagéticas, formações e "conhecimentos" baseados pelo imaginário. Retratos escolhidos a dedo afim de demonstrar só o melhor que há em nós. E quem ousa ser ruim, ser frágil e conflituoso é engolido e desmerecido. Redes sociais são um sintoma de uma sociedade narcisista que no fundo só clama para ter voz e ser reconhecida (mera utopia).


Viajei agora, sou mais um fruto dessa sociedade. Sou um monte de palavras que não tem voz.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Momento inspiração - essa tal Filosofia

Não sei em qual momento decidi que iria fazer Filosofia.
Tomei esta decisão muito cedo, e como tenho uma teimosia peculiar não sosseguei enquanto consegui realizar meu profundo desejo.
Desejo esse que não sei de onde veio, mas que apareceu e tomou conta em uma proporção infinita.
Dei as costas para todos os cursos existentes na face da Terra. Fiz teste vocacional e sempre pendeu para humanas, bastava aparecer “FILOSOFIA” para eu ignorar todo o resto.
E assim o tempo foi passando, convivi com pessoas que gostavam e estudavam Filosofia e essa vontade aumentou ainda mais.
Por pura falta de confiança em mim deixei de lado a possibilidade de concorrer a uma vaga em universidades públicas, mas não me importei, para fazer Filosofia eu seria capaz de pagar.
De primeira não fui sequer aprovada nas faculdades que prestei. Um ano depois consegui passar e quando me matriculei o que mais escutei foi “Audácia a sua, filosofia é para gente culta e inteligente”.
Em 2009 entrei para o curso de Filosofia na universidade São Judas Tadeu, em uma sala que era um aglomerado de gente esquisita, posando de inteligente, com nenhum tipo de capacidade de interação.
Tive minha primeira crise logo com duas semanas de aula quando me dei conta que Filosofia não é a salvadora da verdade, que verdade única não existe: meu mundo desabou.
Enfrentei a crise, me dispus a estudar e com pouca dificuldade passei de ano.
Segundo ano de faculdade com terreno já conhecido, entrei em crise novamente – tudo culpa das aulas de Filosofia política e do meu amado lírico Nietzsche – e mais uma vez tive a perspectiva de que tudo no mundo está aberto. Tirei boas notas e passei.
Cá estou no terceiro ano e derradeiro, já exausta com tanto blá blá blá, não conseguindo mais me emocionar como nos anos anteriores, sem saber de verdade o que escolher para o TCC, rezando para todas as energias do universo que tudo seja rápido e indolor.
Confesso que fico um pouco decepcionada com a escolha que fiz, apesar de conhecer pessoas maravilhosas, é um curso estranho com gente mais estranha ainda, rola uma certa vaidade, as pessoas têm tabus de se entregarem a uma interação. Vou terminar meu curso sem ouvir a voz de muitos colegas de classe, sem nenhuma festinha comemorativa e com intuito filosófico, por esses motivos (além do mercado restrito de trabalho) que acho equivocada minha escolha – pagarei por ela, concerteza.
Porém se eu parar para pensar um segundo te digo que Filosofia abriu os horizontes de pensamentos, hoje em dia consigo conversar de igual para igual com qualquer pessoa sobre qualquer assunto, conquistei uma quietude que outrora jamais pensei que conseguiria, aprendi que Filosofia não passa de uma interpretação sobre o mundo que foi construído através de pessoas que se preocupavam com determinados assuntos e que se dispuseram a dar seu “pitaco” , e assim o mundo Ocidental pegou esses pitacos e introduziu na cultura deste lado do mundo – arrisco a dizer que Filosofia é uma forma de poesia!
Uma coisa é quase certa: não irei adiante nisto. Meu desejo já foi saciado, não sou intelectual, quero ficar “meio ignorante” para conseguir levar esta dura realidade de forma mais amena, não tenho pretensão em me tornar uma chata que acha que sabe tudo sobre o mundo (como já vi que infelizmente existe).
Minha pretensão de salvar, mudar o mundo acabou quando percebi através da Filosofia que isso não passa de uma ilusão.
O mais bonito que ganhei com essa tal Filosofia foi à veemência que o melhor que eu posso fazer é VIVER!