quarta-feira, 28 de julho de 2010


Eu aqui preste a fazer 24 anos. Como o tempo passa sem nem tomar conhecimento. ELE o maior comandante do universo é implacável, meu rosto e meu corpo são provas disso.
Ao pensar e rememorar todos esses anos, meses, dias, minutos, segundos dou-me conta o quanto já foi vivido. É estranho você olhar para trás e olhar agora e ver o quanto tudo foi diferente, efêmero, fugaz, que tudo o que me pertenceu um dia não passa de lembranças.
Continuo com meus ideais de vida – aqueles que eu suponho que irão me tornar mais satisfeita, cada vez mais dramática, fria, perdida e com um sorriso no rosto.
Na procura de ser quem eu sou, faço 24 anos e agradeço imensamente a minha mãe que me pariu e a JAH que me manteve em pé, apesar de tantas coisas horríveis que já aconteceram comigo e que me serviram de lição na vida.
Sou honesta, tenho caráter, e por inteira sou louca, tudo isso eu devo a oportunidade de ter a condição da vida humana.
Muito obrigada e que eu ainda possa viver vários múltiplos de 24, imaginando, sentindo e vivendo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meu único talento nesta vida,
É pensar.
Pensar, pensar, pensar.
Agir? Quase nunca.
Tenho tantos pensamentos, mas todos sem solução.
Será que tudo é em vão?

(Camila Lima)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tenho raiva do mundo, confesso. Raiva de não obter respostas concretas acerca de minha existência, e a pergunta crucial, o porque de eu ser eu.
Minha raiva é crescente e sempre igual. Tenho raiva da minha infância triste e sofrida, de ser pobre, da solidão que me assola, me persegue e faz de mim uma eterna angustiada. Sinto raiva de ter compaixão pelos demais animais, sejam eles pensantes ou não. Agora a maior de todas as raivas é a diferença entre as coisas que eu nunca consegui compreender, de não ter capacidade de convencer as pessoas de que meu mundo é o melhor de todos.
Diante de tanta raiva, que permanece aqui intacta e em seu lugar, a minha existência me ensinou a inventar, e hoje sou feliz, humilde e conformada puramente por invenção, e eu vivo isso.
A dualidade faz parte de mim, senão não poderia ser uma existência existente, apesar de toda a redundância.
Entre a minha raiva e a alegria, há em mim a imaginação que me permite a criação do mundo em que eu posso ser o que eu quiser realmente, já que nesse não existe nada, ninguém, só mentira e suposição.
Amor.
Eu amo, tu amas, nós amamos.
Amor que não sabemos de onde vem e nem o que é,
Mas mesmo assim amamos.
O desejo de todos é o amor
Mas quem aqui sabe amar?
Quem aqui já amou?
E quem é amor?
Palavra bonita, positiva, mas só é uma palavra.
Sentimentos não são definidos, mensurados.
Só podem ser sentidos.
Nada mais e, além disso.
Por isso aqui onde jazo sentada,
Em frente da tela
Fico amando o amor, exaltando-o.
Apenas para poder senti-lo
Já que as palavras me absorvem
E a troca entre a palavra e a sensação.
Pode tornar-se real.

(Camila Lima)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Lendo artigos de pessoas com conhecimento avançado, essa semana houve uma coincidência de temas acerca disto.
Quanto às pessoas, na gana de terem experiências intensas, cada vez mais intensas, esquecem que a vida é algo simples.
Pois bem, fazendo uma síntese reflexiva, do pouco que estudei, e do quase nada que tenho de conhecimento, cada dia que passa, meus olhos enxergam este século XXI, esta nova era como a concretização do ser humano em sua máxima artificial.
Olhe ao seu redor e pense em um instante o quanto de real acontece com você.
Quais sentimentos, ações, relações são realmente simples e reais?
Claro que eu como primeira pessoa, falo, penso por mim, de mim, e eu sofro muito com essa superficialidade que toma conta do mundo.
De alguma maneira sou atingida e faço parte dos superficiais, por questão de sobrevivência.
Na roda que gira, as pessoas que pensam, que tem opiniões, que sentem o mundo, são caladas, excluídas, taxadas de loucas e desdenhadas pela maioria que vive no mundo criado que essa era pós moderna te incentiva a criar.
A utopia do ser humano é a de poder ser ouvido, ser visto, ser reconhecido por este mundo, e daí vem à pergunta: adianta tanta exposição, essa necessidade que temos de nos mostrar, por acaso o reconhecimento vem? E tudo não passa de virtual?
Essa nova era da qual estou incluída até o pescoço, faz com que a insatisfação que é inerente ao ser humano se potencialize a velocidade com que tudo muda.
A mudança desenfreada nos obriga a mudar, a correr, a passar pela vida sem nos dar conta da própria. Sempre achamos que nunca é o bastante, que a vida pode nos dar mais, que ela tem que dar mais, ser mais, ter mais, mais, mais, mais, mais.
É tanto mais, que não conseguimos o menos, enxergar a grande e misteriosa magia que é a vida, do quanto é bom ser agraciado por isso e aproveitá-la da maneira que ela é, sem mais, nem menos.
Tudo que li envolta do assunto me deixou perturbada, ao constatar que o meu mundo imaginário e ilusivo é mais forte, mais feliz, e mais essencial a mim do que a realidade que me cerca, apesar de ter plena consciência do que a minha realidade é, e o que ela implica.
Essa busca frenética por necessidades impostas que não retratam a essência humana, a vontade humana, sufoca, ludibria e faz com que nós seres humanos vivamos e sejamos uma verdadeira mentira.
A sensação que me cabe ao momento é essa, ou vai dizer que o que se mostra por aí nas telas que são nossas companhias mais que entes queridos, mostram a verdadeira vida, os sentimentos e acontecimentos reais?
Por enquanto eu fico aqui sem ser reconhecida pelo mundo, com uma imensa vontade disso, mas com a total responsabilidade de tornar minha vida algo verdadeiro, pelo menos para mim.
E na ávida procura de companhia
Fiz de mim, minha própria companheira.
Depois de tanto tempo vagando, aprendendo
Surgiu você.
Para complementar o inteiro, para ser meu companheiro.
A completude, a plenitude, os afetos, os desejos, as alegrias
Hoje são compartilhadas com a minha companhia, do lado.
As tristezas, as angústias, também.
Só hoje percebo o quanto é valioso companhias amáveis e amadas.
O quanto se é feliz, sendo inteiro
E como é doce a divisão sem sofrimento.

(Camila Lima)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

“Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo”. Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o princípio, é o nosso conceito do mundo. É em nós que as paisagens têm paisagem. Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como às outras. Para quê viajar? Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e género das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

Bernardo Soares