segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Amar-me é ter pena de mim (Bernardo Soares)


Sinto que não sinto.
Há um medo misturado com angústia e culpa, muita culpa.
Estou estéril: de pensamentos, de sentimentos, de cansaços, de tédios e alegrias momentâneas. Estou estéril de mim.
A negação faz parte dos meus dias, nego tudo – só não nego a vida.
Se esse dia chegar (o de negar a vida) prefiro a morte.
Pensamentos incoerentes, angústia presente, impotência latente.
De tanto querer tudo e o mundo, hoje tenho o NADA, o VAZIO.
Fico eu tentando preenchê-lo com sei lá o que.
Até quando terei que conviver com a insatisfação?
Até quando terei que conviver com o olhar que tenho de mim mesma?
Até quando terei a fé que sou um ser humano digno de nada?
Até quando desejarei ser outra pessoa, querendo ser eu?
Até quando viverei carregando a culpa de todos meus atos?
Até quando caminharei sobre a linha tênue da loucura e da sanidade?
Uma voz baixinha ecoa sobre meus ouvidos e me dá a resposta.
- Até quando você não viver. Estar vivo, é estar propenso a passar por isso.
(Camila Lima)


Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim. (Bernardo Soares).


* Bernardo Soares é um heterônimo de Fernando Pessoa no qual eu mais me identifico, pela sua inquietude e seu desassossego na alma e na vida. Ao lê-lo consigo sentir que não estou sozinha no mundo – existiu alguém com as mesmas sensações, angústias que eu.

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