quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

61 - Livro do Desassossego

O livro do desassossego do Bernardo Soares heterônimo de Fernando Pessoa, traduz em belos versos o que passa nos recônditos da minha alma, dessa minha singela existência.
O que temos em comum? Essa angústia de querer ser o outro e a incrível medida de viver o momento, o presente a vida que me é palpável e real, mesmo com toda a dor de sê-lo.


(...)" Sou um poço de gestos que nem em mim se esboçaram todos, de palavras que nem pensei pondo curvas nos meus lábios, de sonhos que me esqueci de sonhar até ao fim.
Sou ruínas de edificios que nunca foram mais do que essas ruínas, que alguém se fartou, em meio de construí-las, de pensar em que construía.
Não nos esqueçamos de odiar os que gozam porque gozam, de desprezar os que são alegres, porque não soubemos ser, nós alegres como eles...Esse desdém falso, esse ódio fraco não é senão o pedestal tosco e sujo da terra em que se finca e sobre o qual, altiva e única, a estatua do nosso Tédio se ergue, escuro vulto cuja face um sorriso impenetrável nimba vagamente de segredo.

BENDITO OS QUE NÃO CONFIAM A VIDA A NINGUÉM."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Voltei

"Ninguém vai me frear,ninguém vai me dizer o que eu devo fazer nessa porra" (Criolo)

E os dias passam, as horas, os minutos, os anos.
A angústia sempre presente, crescente e igual.
A esperança também. Navego pela multidão em busca de uma ilusão para fazer de minha vida um interminável teatro.
Finjo, minto, coexisto. Nos olhos de alguém menos no meu.
A vida e nossa existência tão cansada, vai ficando tediosa e sábia.
Deixemos a vida nos levar na esperança de haver surpresas que façam nosso coração palpitar.
Liberdade? Não existe, somos presos a um corpo, a uma mente, a um universo de energias cósmicas aflitas em seus egos desatenciosos.
O que eu quero? O universo, tenho uma fome física dele, parafraseando Bernardo Soares. Já percebi que minha aflição toda está em quer o impossível e renunciar aquilo que posso ter, afinal intensidade é meu sobrenome e a pretensão meu codinome.
Se eu não puder ao menos desejar, florir minha imaginação com coisas inalcançáveis; se eu não puder sofrer com todas minhas forças, nem que seja antecipadamente, se eu não puder dizer, cuspir, esbravejar ao mundo minhas sensações, se eu não puder fingir minha liberdade, meus amores, minhas dores...... O que eu vim fazer nessa porra?